Nota ABCC sobre as exportações de Boer para o Egito
Aos :
Diretores da ABCBoer e Criadores da raça Boer no Brasil
Prezados Senhores,
O objetivo deste contato é levar ao vosso conhecimento as informações mais importantes e algumas das principais
conclusões que ficam como lições a ser aprendidas e implementadas em próximos processos similares que certamente
acontecerão.
Em abril 2019, por intermediação do Dr. Cesar Teles, Adido Agrícola da Embaixada do Brasil no Egito, recebemos a consulta do interesse da ABCC em assumir no Brasil um processo de exportação de caprinos da raça Boer o que era uma demanda do Ministério da Agricultura daquele país.
O ano de 2019 foi para avançar no conhecimento mútuo com as autoridades e técnicos do Egito e principalmente para
formalizar os protocolos sanitários que dessem cobertura legal a processo que estava sendo tratado.
Por motivos que desconhecemos, já que nunca foram nos informado, os contatos se interromperam e voltaram, já com
mais objetividade retomados em Dezembro 2020, quando novamente o Ministério da Agricultura egípcio procurou nossa embaixada naquele país e oficialmente realizou a consulta para a compra de 60.000 caprinos Boer (quatro cargas de 15.000 animais, uma a cada três meses).
As especificações dos animais solicitados eram: 90% fêmeas e 10% machos, todos puros com registros genealógicos,
atestados sanitários, com idades entre 06 e 12 meses e, com 20-25% das fêmeas com prenhes confirmadas.
Enviaram junto à carta consulta os documentos da empresa que na condição de terceirizada conduziria as negociações pelo lado egípcio.
Poucos dias depois, já no começo de 2021 se apresentou a companhia proprietária dos navios que conduziriam os animais até o porto de Alexandria no Cairo.
A ABCC, de imediato informou que era completamente inviável atender a demanda nas quantidades e condições
solicitadas.
Se fizeram várias propostas tanto de valores como das características dos animais, por exemplo se sugeriu aumentar a
idade das fêmeas até 18-24 meses; que aceitassem animais PA , que fosse possível incluir animais de Elite (machos e
fêmeas) que lhes possibilitasse formar um Núcleo de Seleção para reprodução dirigida e, finalmente que o número mínimo solicitado por eles de 15.000 animais fosse atendido ao longo de 24 meses, com contrato assinado.
Foram quase 35 dias de contatos diários, de parte da ABCC organizando a planilha de custos operacionais para realizar a quarentena (21 dias solicitado pelo Egito) no Parque de Exposições no Recife, avaliando opções nutricionais para o que foi solicitado e recebido a orientação dos pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, o que agradecemos em nome do setor, e consultando a empresas despachantes sobre os custos dessa operação, inédita para a espécie no Brasil.
A última oferta enviada pela ABCC em 03/02/21 era de 3.500 animais (3.200 fêmeas e 300 machos).
Em 15 do corrente recebemos a resposta final da empresa transportadora nos comunicando que a negociação estava
encerrada devido a que a quantidade mínima que justifica financeira e logisticamente deslocar um navio desde o Líbano até Recife e voltar a Alexandria é de 8.000 animais.
Assim, mesmo com todas as opções apresentadas nosso setor não teve condições de atender essa demanda, que se
atendida, seria o começo de um longo e produtivo processo já que as exportações se multiplicariam não somente para o Egito como para outros países da África e Meio Oriente.
Entre as lições aprendidas com este processo destacamos:
1) A excelente imagem que a caprinocultura do Brasil tem no exterior.
2) Deve ser melhor e mais organizadamente aproveitada essa imagem o que abrirá outras fontes de renda para nosso
setor;
3) A ABCC dará continuidade a estes processos de comercialização internacional (exportações e importações) não
como negócio próprio e sim como representante do setor e com o objetivo do desenvolvimento do mesmo,
aproveitando novos mercados;
4) Em Novembro 2019 a Ministra da Agricultura do Brasil, em missão oficial visitou alguns países árabes e o Egito.
Nessas reuniões a possibilidade de mercados para a caprinocultura brasileira foi apresentada oficialmente pelos
representantes do nosso Governo Federal;
5) É urgente e necessária a edição de materiais visuais (folders, boletins das raças, vídeos de rebanhos, material
técnico) atualizados em português, inglês, árabe e espanhol, que apresentem ao mundo, de uma forma interativa e
atraente a caprinocultura do Brasil e a qualidade genética que possuem nossos rebanhos. Sem divulgação as
atividades comerciais são muito difíceis e com poucas chances de sucesso;
6) Necessidade de estreitar ainda mais as relações entre a ABCC e as Associações Promocionais de Raças para que a
próxima demanda nos encontre mais estruturados e profissionalizados para essas atividades de comércio exterior.
Não foi desta vez, porém em breve vai acontecer e com sucesso.
Muito obrigado a todos.
Recife/PE, 17 de fevereiro de 2021.